Atualmente até 20% homens que realizaram vasectomia se arrependem e cerca de 6% optam por fazer a reversão de vasectomia, geralmente motivados por novos relacionamentos. Apesar de a vasectomia ser um procedimento relativamente simples, sua reversão é um procedimento extremamente delicado, que necessita de técnicas microcirúrgicas especializadas. O objetivo da cirurgia é reunir as duas extremidades dos ductos deferentes, fazendo uma nova comunicação de modo que os espermatozoides possam novamente fazer parte do ejaculado.
Reversão de vasectomia é um termo genérico que pode ser feita através de dois procedimentos: a vaso-vasostomia e/ou a vaso-epididimostomia. A vaso-vasostomia microcirúrgica consiste na reconexão das duas extremidades cortadas do ducto deferente. Já a vaso-epididimostomia microcirúrgica é a conexão de um canal deferente com o epidídimo, que é uma estrutura localizada junto ao testículo onde os espermatozoides ganham maturidade. Este último é um procedimento bem mais complexo, sendo realizado quando há um entupimento não apenas onde a vasectomia foi realizada como também mais perto da saída do testículo.
A chave para o sucesso é a qualidade da técnica cirúrgica atentando para todos os mínimos detalhes que esse procedimento envolve. Sem dúvidas há pontos essenciais que podem maximizar as chances de sucesso e que não podem ser ignorados. Assim, sempre que se cogitar em realizar a reversão de vasectomia, deve-se investigar critérios de qualidade que envolvem os seguintes aspectos:
Microscópio de alta qualidade
Em microcirurgia uma boa visualização das estruturas durante o procedimento é crucial. Em infertilidade masculina, um microscópio de alta resolução com capacidade de magnificação até 25 vezes e com óticas colocadas frente a frente para que 2 cirurgiões possam ter a mesma visão simultaneamente, pode fazer a diferença. Infelizmente esse tipo de equipamento não está amplamente disponível em nosso meio. Isso é especialmente verdade para casos mais complexos como reoperações para reversões que já falharam ou em casos com longos tempos de vasectomia.
Pesquisa microscópica de espermatozoides
Para que se possa reconstruir o trato reprodutor masculino é preciso que haja a certeza da presença espermatozoides no local em que a nova costura está sendo realizada. Durante a cirurgia é possível fazer análises do fluido que emana dos canais obstruídos através de microscópios de mesa. A confirmação de espermatozoides no momento da cirurgia impede que se reconecte o deferente em áreas com entupimento total ou parcial.
Material e equipe especializada em microcirurgia
Já foi comprovado que um cirurgião com treinamento extensivo em reconstruções do trato genital masculino podem garantir mais altas taxas de sucesso, sobretudo no casos que necessitam de vaso-epididimostomia. Além disso, existe material cirúrgico desenvolvido especificamente para cirurgias de infertilidade masculina, os quais conferem maior precisão e estabilidade durante a cirurgia.
Fios cirúrgicos delicados
A qualidade e precisão da costura vai depender invariavelmente da fios utilizados para fazer as conexões. Fios mais finos e delicados possibilitam a realizado de costuras em mais camadas e tendem a minimizar a reação inflamatória no pós-operatório. Isso pode diminuir a chances de vazamento de espermatozoides e cicatrização anormal que podem levar a falha da cirurgia. Os fios mais indicados para esse tipo de cirurgia são cerca de 6 vezes mais finos que um fio de cabelo. Por serem de custo mais elevado e necessitarem de um melhor equipamento no seu manuseio, nem sempre são utilizados nas reversões de vasectomia.
Embora as taxas de sucesso para a reversão microcirúrgica da vasectomia se correlacionem com o tempo desde o procedimento, é possível reconstruir o canal em casos com até mais de 20 anos de procedimento. Se espermatozoides forem encontrados acima do ponto de interrupção no momento da reversão como mencionado acima, há boas chances de sucesso, independentemente do tempo decorrido desde a vasectomia. No entanto para isso é necessário que a equipe médica seja treinada na realização da vaso-epididimostomia.
Quando feita até 5 anos após a vasectomia, a reversão microcirúrgica tem uma chance de sucesso de mais de 90%, no entanto o fator feminino deve ser avaliado antes de se optar por esse procedimento. É ainda possível realizar uma nova tentativa de cirurgia de reconexão em homens que foram a submetidos a reversão de vasectomia sem sucesso no passado. No entanto, por causa da cicatrização da cirurgia anterior, as segundas operações podem ser bem mais complexas e exigir mais tempo para sua realização.
Portanto, muitas variáveis influem nas taxas de sucesso da reversão de vasectomia em todos os casos. Isso traz muitas dúvidas para casais que estão avaliando as opções disponíveis. Para tentar ajudar nas estimativas, foi desenvolvido uma calculadora que fornece estimativas aproximadas de acordo com as variáveis mais importantes. Para conhecer essa ferramenta ou calcular a sua chance, clique aqui.