25 de julho de 2018

Azoospermia

A azoospermia consiste na ausência completa de espermatozoides no ejaculado mesmo após centrifugação. É uma condição com um grande impacto para um casal que pretende ter filhos. Excluindo-se a azoospermia causada pelo abuso de medicações derivadas da testosterona ou problemas hormonais, a grande maioria dos pacientes nessa condição irão necessitar de tratamento cirúrgico.

Avaliação clínica completa para identificação de causas potencialmente reversíveis é fundamental. Pesquisa genética com cariótipo e microdeleções do cromossomo Y é necessária pois até 15% dos pacientes possuem alterações. Pesquisa de mutações do gene da fibrose cística deve ser solicitada para pacientes com ausência de deferentes palpáveis. Apesar da avaliação genética não mudar a conduta na maioria dos casos, ele tem importante papel no diagnóstico, prognóstico e na avaliação do potencial de transmissão para crianças nascidas com tratamentos de reprodução assistida.

Didaticamente é interessante dividir os pacientes em 2 grandes grupos: azoospermia obstrutiva e não-obstrutiva. Essa diferenciação nem sempre é possível antes da cirurgia, mas tem uma grande importância pois os casos de obstrução são favoráveis, sendo possível obtenção de espermatozoides para tratamentos de reprodução assistida em virtualmente 100% do casos.  Em algumas situações ainda é possível uma cirurgia de reconstrução do trato genital masculino em que o paciente voltará a ejacular espermatozoides.

Nos casos de azoospermia não-obstrutiva há um problema grave na produção de gametas e muitas vezes há apenas focos isolados de espermatozoides no testículo. A extração de tecido testicular por microdissecção (microTESE) é a técnica de escolha, pois todo o conteúdo do testículo e exposto e a uma ampla procura pode ser realizada.  Para otimizar as chances de captar espermatozoides com esse procedimento é interessante avaliar a necessidade de um tratamento hormonal no pré-operatório, pois não é incomum haver desbalanços que podem comprometer o sucesso da microTESE.

Eduardo de Paula Miranda - Doctoralia.com.br